11/26/2008

Mensagem final do Fórum de Água das Américas defende saneamento básico e uso sustentável dos recursos hídricos
Portal Ambientebrasil. Postado por Joaodasaguas.com

PELO FIM DOS TRITURADORES DE ALIMENTO LIGADOS NO ESGOTO



JORNAL DE LONDRINA 25 DE MAIO DE 2008

Geradores de lixo cogitam uso de Triturador para não pagar coleta

A ONG Patrulha das Águas acaba de iniciar uma campanha que se pretende nacional para desestimular o uso doméstico ou comercial dos trituradores de alimentos. A redução do preço tem popularizado a utilização do aparelho nos domicílios e o decreto municipal – suspenso por liminar (veja texto nesta página) - proibindo estabelecimentos comerciais que produzem mais de 200 litros de lixo orgânico por dia de depositarem seus resíduos no Aterro Controlado do Limoeiro (zona leste) tem feito alguns grandes geradores cogitarem o uso do equipamento como alternativa à destinação desse material.

Os trituradores são feitos para serem ligados na rede de esgoto. O problema apontado pela ONG é que a rede de esgoto tanto em Londrina como em todas as outras cidades brasileiras não está preparada para receber os dejetos provenientes desses aparelhos – comuns nos Estados Unidos e Europa. Segundo a Patrulha das Águas, o lançamento de material orgânico moído na rede de esgoto, além de encarecer o sistema de tratamento nas estações, pode causar o entupimento da tubulação, aumentar a quantidade de ratos e baratas na rede em razão da presença de alimento bom e farto e aumentar o consumo de energia necessária para triturar o lixo e, posteriormente, tratar o esgoto acrescido desses resíduos, aumentando o custo de tratamento. “A maioria dos aparelhos é importada. A rede de esgoto do Brasil não está preparada para receber esses dejetos. Noventa e seis por cento do volume do nosso esgoto é água e só 4% é resíduo sólido. Com a trituração, o percentual de resíduo sólido aumenta e pode causar uma série de prejuízos”, alertou o presidente da Patrulha das Águas, João Batista Moreira de Souza.

Sua preocupação com o assunto advém do fato de que o preço desses aparelhos, que há alguns anos era de cerca de R$ 2 mil, baixou para menos de R$ 600. O objeto, observou o ambientalista, também vem se tornando popular entre a elite. “Hoje, todas as cozinhas chiques têm um triturador”, disse. “E há também os grandes geradores que aqui em Londrina estão proibidos de depositar o material orgânico no aterro e já estão adotando o triturador”, completou.

Doutor na área de controle de poluição e professor da área de Saneamento da UEL, o engenheiro civil Fernando Fernandes corrobora os argumentos do ambientalista. “Com o uso do triturador, as pessoas se livram do lixo, mas penalizam a sociedade. Nossos parâmetros não são dimensionados para receber esses resíduos. O triturador é uma solução altamente insustentável do ponto de vista ambiental porque aumenta o volume de resíduos lançados na rede de esgoto, sobrecarrega a estação de tratamento e aumenta o gasto com energia”, declarou. “O problema é que seu uso está aumentando e ficou uma espécie de ‘coisa de elite’.”

Alimentos triturados lançados na rede não servem como adubo

O gerente metropolitano da Sanepar, Sérgio Bahls, disse que não há como proibir o uso desses aparelhos em comércios e residências, mas que a orientação da Sanepar é para que a população não jogue alimentos na rede de esgoto, que está preparada para receber apenas os dejetos provenientes de cozinhas, banheiros e áreas de serviço. “O que a gente faz é orientar as pessoas para que usem a rede de modo racional”, afirmou. “A gente sabe que quanto mais barato o aparelho maior será sua utilização e a Sanepar nem conversa muito sobre o assunto para não incentivar. É um problema ambiental.” Para o presidente da Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização (CMTU), Mauro Yamamoto, a questão deve ser avaliada sob o aspecto ambiental. “Há uma tendência de se instalar esses aparelhos em todos os domicílios. Se houver ganho ambiental, se os resíduos poderão ser usados como adubo, ok. Se não, que se discuta essa questão em profundidade”, declarou. Segundo o engenheiro civil Fernando Fernandes, o uso como adubo dos alimentos triturados lançados na rede de esgoto é inviável uma vez que esses resíduos são contaminados com material fecal. “Da estação de tratamento, só poderá ir para o aterro”, explicou. Na campanha recém-lançada, a ONG Patrulha das Águas pretende envolver órgãos e entidades locais, além de órgãos estaduais e nacionais. A ONG também pretende solicitar aos deputados federais eleitos por Londrina o encaminhamento de um projeto de lei proibindo o uso, em todo o País, de trituradores ligados à rede de esgoto. “Não somos contra os trituradores se os resíduos gerados por eles forem usados como adubo. O problema é ligá-los na rede de esgoto”, afirmou Souza.

Serviço: quem quiser saber mais sobre a campanha pode consultar o site www.patrulhadasaguas.org.

Algumas Justificativas técnicas para a campanha ambiental da ONG Patrulha das Águas pelo “fim dos trituradores de alimentos” ligados na rede de esgoto.

Antieducativo: os fabricantes e vendedores nas propagandas dos trituradores de alimentos, dão informações erradas a população quando omite que o destino adequado dos resíduos orgânicos deveria ser a compostagem que é o método mais eficiente,recomendado e ecologicamente correto, e de forma enganosa anuncia que o triturador é a solução enviando os resíduos orgânicos o para os esgotos sem falar dos seus diversos malefícios.

Desperdício de água: o uso do triturador provoca enorme desperdício de água limpa e tratada que é usada para o transporte dos resíduos pelo sistema de esgotamento sanitário água limpa que custa caro e tem que ser usada com critério pois é um bem finito de interesse coletivo,e deve ser usada com parcimônia

Aumento do volume de esgotos: a trituração dos alimentos aumenta de forma absolutamente desnecessária o volume dos esgotos que vão para as estações de tratamento ou os rios das cidades brasileiras que não dispõe de ETES, causando um custo coletivo desnecessário com aumento do consumo de energia no processo de tratamento dos esgotos e que também provoca o aumentando da poluição dos rios. Sabe-se que a maioria das ETES Brasileiras não usam tecnologias que realmente purifique o esgoto sendo devolvido para os rios efluentes que ainda contem diversos poluentes e alto índice de bactérias, portanto aumentar o volume de esgoto aumenta a poluição dos rios e corpos hídricos.
Aumentam o consumo de energia: para promover a trituração dos restos de alimentos e de todos os resíduos que são trituráveis é consumido energia elétrica, o triturador esta entre os aparelhos domésticos que mais consome energia, com isto aumenta-se os custos com energia elétrica na medida que quanto mais o triturador for utilizado , e também com o aumento do consumo de água e a geração de esgoto que também consumem mais energia para serem purificados
Degradam quimicamente o esgoto: Quanto maior for lançamento de matérias orgânicas no esgoto, como o provocado pelos trituradores, mais se degrada a sua qualidade aumentando a sua DBO (demanda biológica de oxigênio) e DQO (demanda química de oxigênio) dificultando enormemente o seu tratamento e purificação.
Dificulta o tratamento de esgoto: Com mais materiais orgânicos e particulados no esgoto provocado pela trituração dos alimentos, aumenta-se as dificuldades de tratar de forma eficiente os mesmos e diminuem-se o tempo de limpeza dos equipamentos de tratamento e purificação das ETES aumentando o consumo de energia elétrica, e diminuindo a eficiência dos processos das ETES.
Geram resíduos contaminados (lodos do esgoto): Embora em alguns casos os lodos de esgotos possam ser utilizados como fertilizantes, poucas são as estações de tratamento de esgoto que o fazem no Brasil , pois, dependendo da localidade, dificuldade de transportes, custos , distancias e de diversos fatores como a presença de metais pesados e outros contaminantes os lodos dos esgotos não podem ser usados para tal fim, e são então depositados em valas apropriadas ou aterros sanitários contribuindo para aumentar os custos,reduzir a vida útil destes equipamentos e aumentando todos os seus problemas.

Provocam o aumento dos entupimentos de redes de esgotos domésticos e públicos: Um dos mais graves problemas do sistema de esgotamento sanitário e que por deficiência de manutenção, pelo alto custo e extensões das redes, mau uso por parte da população ou projetos inadequados ocorrem rotineiramente entupimentos nas redes domesticas e publicas com alto custo de desentupimentos através de empresas especializadas com o conseqüente transbordamento dos esgotos que sempre acabam atingindo os rios e conseqüente aumentando a poluição do corpos hídricos urbanos. Sabe-se que quanto mais liquido for o esgoto mais fácil será o seu transporte ate as ETES.

Aumenta a quantidade de ratos, baratas e outros vetores. Quanto mais alimentos forem lançados nas redes de esgotos sendo os triturados uma enorme fonte de alimentos maior será a quantidade de ratos, baratas e outro vetores que provocam diversos malefícios a população, uma das campanhas mais rotineiras das empresas de saneamento é exatamente para que a população não jogue resíduos de alimentos nos esgotos.

Diminuem a eficiência e aumentam os resíduos das caixas de gorduras aumentando os custos de manutenção. Sabe-se da importância da existência e da boa manutenção da caixa de gordura nos imóveis para evitar o lançamento através das pias de resíduos de óleos e gorduras que provocam danos diversos ao sistema de esgotamento sanitário e as ETES, o lançamento de mais resíduos orgânicos provocados pelo uso dos trituradores nas pias, aumentam de forma considerável a necessidade de manutenção das caixas de gordura e faz levar no transporte dos resíduos mais gorduras para o sistema contribuindo para aumentar todos os seus malefícios.

• Estimulam a população a realizar o lançamento de produtos diversos, e proibidos na rede de esgoto. Com o triturador disponível e instalado a população se vê compelida facilmente a jogar para a trituração todo tipo de resíduo como restos de vegetação, flores, e diversos outros, uma busca em sites de vídeos como o Youtube, por exemplo, mostra diversos usos inadequados por parte da população

Gestão ambiental por bacia hidrográfica é destaque no V Encontro Cultivando Água Boa

25/11/2008 17:47:28

Os avanços da política ambiental praticada no Paraná foram os destaques da apresentação feita pelo secretário do Meio Ambiente e Recursos Hídricos, Rasca Rodrigues, durante o V Encontro Cultivando Água Boa. O evento foi promovido pela Itaipu Binacional em paralelo ao Fórum de Águas das Américas, encerrado nesta terça-feira (25) em Foz do Iguaçu.

Rasca explicou que no Paraná, hoje, a bacia hidrográfica é a unidade de planejamento da gestão ambiental. “Mas até 2006 não era assim”, ponderou. Os escritórios regionais do sistema responsável pela gestão ambiental no Estado – composto pela Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Hídricos e suas vinculadas - eram divididos de acordo com limites geopolíticos. Com a mudança, eles passaram a ser distribuídos conforme a bacia hidrográfica em que estão localizados.

“Modificamos totalmente o desenho da gestão ambiental”, comentou o secretário. “Isso foi feito para valorizar ainda mais o elemento água nas políticas públicas de proteção ao patrimônio natural”, completou.

Uma das primeiras grandes ações da Secretaria já orientada por bacia hidrográfica foi a realização das Conferências Regionais do Meio Ambiente, eventos que percorreram o Paraná reunindo sugestões da sociedade para a formulação de políticas públicas encaminhadas à Conferência Nacional do Meio Ambiente.

Outra mudança na política ambiental ainda está por acontecer, segundo o secretário: será a criação do Instituto Paranaense das Águas, que irá substituir a Superintendência de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental (Suderhsa) na gestão das águas.

“Será um instituto completamente modelo; a Suderhsa deixará de executar e passará a fiscalizar. Ela deixará de executar a política de saneamento para planejar a política de saneamento e assim estará colocada de maneira mais estratégica”, detalhou.

OUTRAS INICIATIVAS - O secretário ainda abordou outras iniciativas realizadas no Paraná que reforçaram a política estadual de recursos hídricos – como a realização do 9o Encontro de Comitês de Bacias Hidrográficas, que reuniu mais de 130 comitês brasileiros e do 1o Encontro Trinacional para gestão das Águas Transfronteiriças.

A construção dos Indicadores de Sustentabilidade Ambiental, publicação da materiais técnicos e informativos como a Série Histórica de Bacias Hidrográficas (que pode ser consultada no Portal do Meio Ambiente – www.meioambiente.pr.gov.br) foram outras ações promovidas para fortalecimento da gestão das águas no Estado.

COBRANÇA – O secretário falou aos participantes sobre os desafios, no Paraná, para implementação da cobrança pelo uso da água - assunto amplamente discutido no Fórum de Águas das Américas.

Segundo ele, nos comitês brasileiros que já fazem a cobrança, o maior investimento é em saneamento. “O primeiro problema, portanto, é do próprio setor público, pois estamos distantes de ter coleta de esgoto forma universalizada”, observou.

A cobrança é um instrumento da Lei das Águas (lei federal 9.344, de 1997). De acordo com a legislação, 92,5% do recurso arrecadado deve ser aplicado na própria bacia em iniciativas que melhorem ou mantenham a qualidade de suas águas. Os outros 7,5% devem investidos nos comitês, para gestão dos recursos arrecadados.

Atualmente apenas dois comitês de bacias hidrográficas promovem a cobrança pelo uso da água no Brasil – a do Rio Paraíba do Sul e a conhecida como PCJ, que inclui as bacias dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí; ambas formadas por rios federais. O governo do Paraná, de acordo com Rasca, irá implementar a cobrança. “Estamos trabalhando em relação a isso, lógico que há complexidade técnica, política e ambiental para se estabelecer a cobrança, mas estamos firmes no propósito”, garantiu.